Sobre o amor, a amizade e o fluxo da vida

Esta semana pensei muito sobre


a íntima ligação entre o amor e a vulnerabilidade. A importância de nos entregarmos realmente alguém e o risco que corremos ao longo dessa entrega. De facto, não há amor sem risco. Não há como amar sem arriscar perder. Não há como viver de forma plena os dias de Verão sem enfrentar os dias frios e chuvosos de inverno. Existe uma beleza singular nisto. Porque só amamos nus e não há como amar tapados, cobertos de medo.

Também pensei muito na amizade e na importância que tem fazermos esta viagem ao lado de bons amigos. É muito desafiante sermos amigos de alguém quando não estamos bem, quando não somos os nossos próprios amigos. Na amizade eu acho mesmo importante parar e recentrar a nossa atenção perante as pessoas que amamos. Evitar que sejam arrastados pelos nossos conflitos internos, feridas e projeções. É muito difícil fazer isto. Porque eles fazem parte desta dinâmica de crescimento. É através da resistência com os outros que nos descobrimos, conhecemos e desenvolvemos. Ter amigos com maturidade suficiente para compreender que o amor implica aceitar o outro em toda esta complexidade, é um tesouro. 

Por fim, pensei muito no fluxo da vida, na resistência e na entrega. Nós sabemos quando estamos no sítio certo não sabemos? Tudo parece mais leve, as coisas fluem naturalmente e perdemo-nos no tempo. Há uma energia e uma vibração elevada que nos envolve. Obviamente não há como viver neste estado constantemente, porque o conflito entre quem somos e quem queremos ser está no centro da nossa natureza – a dualidade. Mas podemos passar mais tempo perto da nossa verdadeira essência – esse “sweet spot”. 

Esse lugar descobre-se caminhando, experimentando coisas diferentes, percebendo o que ressoa mais connosco. É onde encontramos uma força magnética, aquilo que faz os nossos olhos brilharem, aquilo que nos traz um verdadeiro entusiasmo. Este é um dos lugares mais próximos do nosso coração e é crucial guardarmos tempo para permanecer nele.

Sobre o amor e a vulnerabilidade:
“Eu defino a vulnerabilidade como incerteza, risco e exposição emocional. Com esta definição presente, pensemos no amor. Acordar cada dia e amar alguém que pode ou não retribuir o nosso amor, cuja segurança não podemos garantir, que poderá permanecer nas nossas vidas ou ir-se embora de um momento para o outro, que poderá ser leal até à morte ou trair-nos amanhã – isso é vulnerabilidade. O amor é incerto. É incrivelmente arriscado. E amar alguém deixa-nos emocionalmente expostos.”
Brené Brown


Sobre os amigos:
“Há muitas pessoas à nossa volta. Umas gritam aos sete ventos que são nossas amigas e o quanto valemos. Depois há aquelas que não precisam de alarido nenhum e no silêncio nos seguram. O meu mundo faz-se com estas.”
Inês Maria Meneses


Sobre o fluxo da vida:
“Nem todos os sítios são o nosso lugar. Há momentos em que precisamos de partir para poder ficar. Ficar em paz. Ficar conscientes. Ficar mais próximos de quem realmente somos. Sempre que nos afastamos da nossa essência, perdemos o equilíbrio. Tudo se torna mais doloroso, insuportável e sem sentido. Tardamos em despertar. Culpamos o mundo e culpamo-nos a nós próprios. O tempo não é muito. Ainda assim, decidimos esperar mais um pouco. Vamos ficando por entre espaços, pensamentos e sentimentos que não nos servem. Perdemo-nos no meio de medos, ansiedades e preocupações, incapazes de prevenir a incerteza da inevitabilidade.”
Manuel Clemente 

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